Virology Watch
March 2025Uma partícula viral, ou vírion, é uma entidade em nanoescala que deve atender a critérios específicos para ser classificada como tal. A definição de uma partícula viral inclui o seguinte:
Material genético: deve conter ácidos nucleicos (DNA ou RNA) que carregam as instruções genéticas necessárias para a replicação.
Revestimento proteico (capsídeo): deve possuir uma capa proteica protetora, ou capsídeo, que envolve e estabiliza o material genético enquanto auxilia no reconhecimento da célula hospedeira.
Envelope lipídico opcional: para algumas partículas virais, deve haver uma membrana lipídica derivada da célula hospedeira que envolve o capsídeo, geralmente com proteínas incorporadas facilitando a infecção.
Competência de replicação: a entidade deve ser capaz de infectar uma célula hospedeira, usando a maquinaria do hospedeiro para replicar seu material genético, produzir novas cópias de si mesmo e liberar essas cópias para se propagar.
Esta definição garante que avaliemos a integridade estrutural e a funcionalidade biológica ao tentar identificar uma partícula viral.
Principais etapas do processo de isolamento do vírus
Etapa 1: Processo inicial de purificação e observação (microscopia eletrônica): A amostra é purificada usando técnicas como filtração e centrifugação para isolar partículas presumivelmente virais com base no tamanho e na densidade. Essas partículas são visualizadas usando microscopia eletrônica (EM), fornecendo evidências estruturais de capsídeos, envelopes lipídicos e morfologia geral.
A microscopia eletrônica (EM) fornece evidências visuais preliminares valiosas de partículas com características estruturais, como capsídeos e, para alguns, envelopes lipídicos. No entanto, não pode demonstrar a presença de material genético, competência de replicação ou a funcionalidade biológica dessas partículas.
Há um risco significativo de reificação, onde a semelhança estrutural dessas partículas com modelos teóricos pode levar à suposição prematura de que são partículas virais coesas e funcionais. Além disso, as partículas observadas podem incluir artefatos do processo de purificação ou estruturas biológicas não relacionadas, como exossomos ou agregados de proteínas.
Embora esta etapa ofereça insights importantes sobre a morfologia das partículas, ela não pode provar conclusivamente a existência de uma partícula viral e deve ser complementada por análises adicionais, como validação genética e funcional, para atender aos critérios científicos. Essas limitações ressaltam a importância de evitar conclusões prematuras baseadas somente em observações estruturais.
Etapa 2: Processo de cultura de células hospedeiras: Partículas purificadas são introduzidas em culturas de células hospedeiras para incentivar a replicação. Efeitos citopáticos (CPE), como lise celular, arredondamento ou desprendimento, são monitorados como evidência potencial de atividade biológica. Partículas cultivadas são coletadas do sobrenadante ou lisado celular.
Neste processo, partículas purificadas são introduzidas em culturas de células hospedeiras, que fornecem um ambiente projetado para incentivar a replicação. Observações como efeitos citopáticos (CPE) — incluindo lise celular, arredondamento ou desprendimento — são tratadas como indicadores de atividade biológica. As partículas cultivadas, que se acredita terem sido replicadas, são então coletadas do sobrenadante ou lisado para estudo posterior.
Embora esta etapa busque demonstrar funcionalidade, ela é repleta de limitações. O CPE, embora sugestivo de atividade biológica, não é específico para replicação viral e pode resultar de vários fatores, como contaminantes, toxinas ou o estresse imposto às células pelas condições de cultura. Interpretar esses efeitos como evidência direta de atividade viral sem validação adicional corre o risco de reificação — atribuindo prematuramente causalidade e relevância biológica às partículas presumidas.
Outro problema é a falta de evidência direta conectando as partículas observadas na cultura ao material genético intacto ou às partículas visualizadas sob microscopia eletrônica. Sem uma variável independente, como partículas virais purificadas usadas em um experimento controlado, é impossível confirmar que os fenômenos observados são causados pelas entidades virais presumidas.
Como tal, esta etapa não satisfaz independentemente os critérios para competência de replicação ou integração com validação estrutural e genética. Embora o processo de cultura de células hospedeiras seja essencial para investigar a atividade potencial de replicação, suas descobertas devem ser examinadas criticamente dentro do contexto mais amplo do fluxo de trabalho para evitar interpretação excessiva.
Etapa 3: Segundo processo de exame de microscopia eletrônica (EM): partículas da cultura são observadas usando uma segunda rodada de EM para comparar suas características estruturais com aquelas das partículas da amostra original. A similaridade estrutural é interpretada como uma conexão entre as duas.
Nesta etapa, partículas obtidas da cultura são analisadas usando uma segunda rodada de microscopia eletrônica (EM) para comparar suas características estruturais com aquelas observadas na amostra original. O objetivo desta etapa é identificar similaridades estruturais — como tamanho, forma e características do capsídeo ou envelope — que são então interpretadas como evidência de uma conexão entre as partículas cultivadas e aquelas inicialmente observadas.
No entanto, este processo tem limitações críticas. A semelhança estrutural por si só não pode confirmar que as partículas cultivadas são biologicamente idênticas às da amostra original ou que são partículas virais funcionais. Existe o risco de reificação, onde similaridades visuais são prematuramente tratadas como prova de uma relação causal ou biológica, sem integrar evidências de material genético ou competência de replicação. Além disso, as partículas cultivadas observadas podem incluir contaminantes ou artefatos que surgem durante o processo de cultura celular, complicando ainda mais a interpretação.
Embora esta etapa forneça continuidade nas observações estruturais, ela não tem o contexto genético e funcional necessário para estabelecer um elo coeso entre as partículas da amostra original e aquelas obtidas da cultura. Consequentemente, ela não satisfaz independentemente os critérios para provar a existência de uma partícula viral. Métodos complementares, como validação genética e ensaios funcionais, são essenciais para substanciar quaisquer alegações derivadas desta etapa.
Etapa 4: Processo de Montagem e Sequenciamento do Genoma: O material genético é extraído da amostra purificada e sequenciado para produzir fragmentos curtos de RNA ou DNA. Esses fragmentos são montados computacionalmente em um genoma completo usando ferramentas de bioinformática. O genoma montado serve como referência para testes adicionais, incluindo PCR e análise comparativa.
Nesta etapa, o material genético é extraído da amostra purificada e sequenciado para gerar fragmentos curtos de RNA ou DNA. Esses fragmentos são então montados computacionalmente em um genoma completo usando ferramentas de bioinformática. O genoma resultante serve como referência para investigações posteriores, como projetar primers para PCR ou conduzir análises comparativas com outras sequências genéticas.
Embora a montagem do genoma seja uma parte essencial da virologia moderna, esta etapa tem limitações inerentes. Primeiro, o processo assume que os fragmentos sequenciados pertencem a uma entidade biológica coesa, como uma partícula viral, mas sem evidências diretas ligando os fragmentos a partículas intactas, esta suposição corre o risco de reificação.
O genoma montado computacionalmente é uma construção abstrata que pode não representar com precisão um genoma viral funcional, pois a presença de contaminantes ou material genético fragmentado de outras fontes (por exemplo, células hospedeiras ou entidades não virais) pode resultar em montagem incorreta ou incompleta.
Além disso, esta etapa não pode confirmar independentemente que o genoma montado existe dentro das partículas intactas observadas por microscopia eletrônica ou que é capaz de direcionar a replicação e a produção de proteínas. Sem integração com evidências estruturais e funcionais, o genoma montado permanece especulativo.
Embora seja útil como uma ferramenta para testes e análises posteriores, a montagem do genoma não satisfaz os critérios para provar a existência de uma partícula viral por si só. A validação por meio de etapas adicionais, como demonstrar competência de replicação e vincular o genoma a partículas funcionais, é necessária para garantir o rigor científico.
Etapa 5: Testando o processo de competência de replicação: (Esta etapa não é normalmente usada durante o isolamento inicial, mas é aplicada em estágios posteriores para análise posterior.) Partículas cultivadas são introduzidas em células hospedeiras frescas para avaliar sua capacidade de replicação e propagação. Resultados como formação de placas ou produção de proteínas são usados como indicadores de competência de replicação.
Nesta etapa, partículas cultivadas são introduzidas em células hospedeiras frescas para avaliar sua capacidade de replicação e propagação. O processo envolve o monitoramento de resultados como a formação de placas, que sugere destruição celular potencialmente causada pela replicação viral ou a produção de proteínas virais, que é interpretada como um indicador de processos virais ativos. Esses resultados são então interpretados como evidência de competência de replicação.
Embora esta etapa seja essencial para avaliar a funcionalidade das partículas virais presumidas, ela tem limitações significativas. A formação de placas e a produção de proteínas são observações indiretas que não confirmam inequivocamente a competência de replicação. Sem evidências diretas ligando esses resultados a partículas virais intactas e funcionais, as descobertas permanecem especulativas. Além disso, esses fenômenos podem surgir de causas alternativas, como contaminação, respostas celulares não específicas ou artefatos introduzidos durante o processo experimental.
Há também o risco de reificação, onde esses resultados indiretos são prematuramente aceitos como evidência definitiva de competência de replicação sem validação adequada. Para estabelecer a causalidade, é essencial conectar diretamente o processo de replicação aos componentes estruturais e genéticos das partículas observadas em etapas anteriores. Como tal, esta etapa não satisfaz independentemente os critérios rigorosos necessários para provar a existência de uma partícula viral. Ela deve ser complementada por validação adicional e integrada em uma estrutura coesa de evidências.
Etapa 6: Processo de validação funcional: (Esta etapa não é normalmente usada durante o isolamento inicial, mas é aplicada em estágios posteriores para análise posterior.) Os ensaios funcionais testam se as partículas cultivadas podem infectar novas células hospedeiras, produzir proteínas virais e liberar novas partículas. Esses ensaios medem a infectividade e o comportamento biológico.
Nesta etapa, os ensaios funcionais visam determinar se as partículas cultivadas podem infectar novas células hospedeiras, produzir proteínas virais e liberar novas partículas. Esses ensaios são projetados para medir a infectividade e o comportamento biológico, fornecendo insights sobre se as partículas virais presumidas exibem características funcionais tipicamente associadas a modelos de vírus.
Embora esta etapa seja crítica para avaliar a atividade biológica, ela não atende totalmente aos critérios para provar a existência de uma partícula viral. Uma limitação importante é a ausência de evidências diretas que vinculem as partículas cultivadas aos componentes estruturais e genéticos observados em etapas anteriores. Sem essa validação, os ensaios funcionais correm o risco de atribuir a infectividade observada e a produção de proteínas a fatores não relacionados, como contaminantes ou respostas celulares não específicas, em vez de partículas virais intactas. Essa desconexão pode levar à reificação, onde a atividade biológica é prematuramente tratada como prova definitiva de uma entidade viral coesa.
Além disso, os ensaios funcionais focam no comportamento das partículas cultivadas, mas não verificam sua integridade estrutural ou confirmam a presença de material genético dentro delas. Embora esses ensaios forneçam informações valiosas sobre infectividade e processos biológicos, eles não têm a integração de evidências estruturais, genéticas e funcionais necessárias para satisfazer os rigorosos critérios científicos para definir uma partícula viral.
Esta etapa destaca a importância de combinar ensaios funcionais com métodos de validação complementares para estabelecer a causalidade e evitar interpretações errôneas.
Etapa 7: Referência cruzada com amostras naturais (esta etapa não é normalmente usada durante o isolamento inicial, mas é aplicada em estágios posteriores para análise posterior.) Sequências genéticas, características estruturais e perfis de infectividade de partículas cultivadas são comparados com componentes presumidos de amostras naturais. O objetivo é confirmar que as descobertas laboratoriais refletem fenômenos do mundo real.
Amostras naturais referem-se a materiais biológicos ou ambientais, como espécimes clínicos de organismos infectados (por exemplo, humanos, animais ou plantas) ou materiais provenientes de ambientes como água ou solo. Essas amostras são coletadas diretamente e tangíveis; no entanto, a suposição de que elas contêm partículas virais intactas, genomas coesos ou entidades funcionais é inferida a partir de características observadas e não é diretamente comprovada. Os componentes presumidos dentro dessas amostras, como material genético ou elementos estruturais, servem como pontos de referência para validar descobertas laboratoriais.
O processo de extração e análise de material genético de amostras naturais espelha os métodos aplicados às amostras iniciais derivadas de pacientes. Em ambos os casos, sequências genéticas fragmentadas são isoladas de conteúdo biológico misto, que frequentemente inclui contaminação e material não relacionado. A montagem computacional é então usada para reconstruir genomas presumidos, mas estes são construtos teóricos em vez de representações definitivas de entidades virais intactas ou funcionais.
Esta etapa envolve comparar as sequências genéticas, características estruturais e perfis de infectividade das partículas cultivadas com os componentes presumidos de amostras naturais. O objetivo é estabelecer se as descobertas laboratoriais se alinham com entidades naturais inferidas, fornecendo assim relevância contextual às observações feitas durante as etapas anteriores. No entanto, é importante reconhecer que essas comparações são baseadas em características e não envolvem comparações validadas de partículas virais completas e coesas.
Esta abordagem introduz um risco de reificação, onde as correlações entre características presumidas são prematuramente tratadas como evidência de partículas virais coesas e funcionais. Sem validação independente ligando evidências genéticas, estruturais e funcionais a entidades virais intactas, essas interpretações podem elevar construções especulativas a realidades presumidas.
Embora esta etapa forneça insights valiosos sobre possíveis conexões entre descobertas laboratoriais e fenômenos naturais, ela não pode satisfazer independentemente os critérios para provar a existência de partículas virais coesas e funcionais. A validação independente das partículas cultivadas e dos componentes presumidos em amostras naturais é essencial para garantir conclusões cientificamente rigorosas.
Etapa 8: PCR amplifica sequências genéticas presumivelmente associadas às partículas sob investigação para validar a presença do genoma. Sequências amplificadas são comparadas com genomas construídos computacionalmente.
Nesta etapa, a reação em cadeia da polimerase (PCR) é usada para amplificar sequências genéticas presumivelmente associadas às partículas sob investigação. O processo envolve projetar primers com base no genoma construído computacionalmente de etapas anteriores, visando regiões específicas do material genético. As sequências amplificadas são então comparadas com o genoma montado para validar a presença do material genético previsto na amostra.
Embora a PCR seja uma ferramenta poderosa para detectar e amplificar material genético, ela tem várias limitações quando se trata de provar a existência de partículas coesivas e funcionais. A PCR não consegue diferenciar entre material genético que se origina de partículas intactas e aquele que vem de fragmentos, contaminantes ou outras entidades não particuladas na amostra. Como tal, quaisquer sequências amplificadas podem potencialmente deturpar a origem biológica do material.
Isso introduz um risco de reificação, onde a detecção de sequências pode ser prematuramente interpretada como confirmação de entidades coesivas e funcionais. Além disso, a PCR não fornece evidências de características estruturais, como capsídeos ou envelopes lipídicos, nem confirma competência de replicação ou funcionalidade biológica.
Embora possa demonstrar a presença de material genético que corresponde ao genoma construído computacionalmente, esta etapa por si só é insuficiente para estabelecer a existência de partículas coesivas e funcionais. Ela deve ser combinada com outros métodos, como validação estrutural e funcional, para atender a critérios científicos rigorosos.
Avaliação Reducionista
De uma perspectiva reducionista, os métodos empregados não podem demonstrar conclusivamente a existência de uma partícula viral sob nossa definição. Cada método verificou independentemente certos componentes: PCR confirmou material genético, ME forneceu evidências estruturais, competência de replicação demonstrou funcionalidade e validação funcional testou comportamento biológico. Referências cruzadas visavam avaliar consistência com modelos teóricos ou inferências anteriores.
No entanto, o reducionismo requer que cada parte da definição — material genético, capsídeo, envelope lipídico opcional e competência de replicação — seja verificada individualmente e logicamente integrada sem lacunas. Lacunas significativas permanecem, particularmente na ligação de evidências estruturais e funcionais perfeitamente. Por exemplo, nenhuma validação direta conecta o material genético observado aos componentes estruturais visualizados sob ME ou aos comportamentos biológicos atribuídos a ensaios funcionais.
Além disso, o processo frequentemente arriscava a reificação, onde construções abstratas, como genomas computacionais, eram prematuramente tratadas como entidades funcionais. Essa abordagem pressupõe coesão e funcionalidade sem fornecer evidências independentes de sua existência como partículas intactas e replicantes.
Conclusão
Concluindo, embora os métodos empregados forneçam uma estrutura para entender os componentes de uma partícula viral, eles não provam conclusivamente a existência de uma entidade que atenda à definição completa. A PCR identifica o material genético, mas não pode confirmar a estrutura ou a função. A microscopia eletrônica visualiza os componentes estruturais, mas não aborda a competência de replicação. A competência de replicação demonstra a funcionalidade, mas depende de métodos complementares para confirmar a integridade estrutural. A validação funcional fortalece as evidências do comportamento biológico, mas requer verificação estrutural. A referência cruzada vincula as descobertas a ocorrências naturais, mas depende de etapas anteriores para validação. Sem integrar totalmente esses métodos e resolver lacunas, a existência de uma partícula viral conforme definida não pode ser demonstrada conclusivamente.
Uma falha crítica nas metodologias empregadas para o isolamento do vírus é a ausência de uma variável independente. Uma variável independente é essencial em experimentos científicos, pois é o elemento que é deliberadamente manipulado para observar seu efeito em uma variável dependente. Sem uma, torna-se impossível estabelecer relações de causa e efeito. Por exemplo, nos procedimentos discutidos, não há manipulação controlada para testar se os fenômenos observados — como material genético detectado por PCR ou estruturas visualizadas por microscopia eletrônica — são causados diretamente por uma partícula viral coesa. A falta de uma variável independente prejudica o rigor científico do processo, pois abre a porta para fatores de confusão e explicações alternativas que não são abordadas.
Além disso, os métodos empregados não têm falseabilidade, outro pilar do método científico. Uma alegação é considerada cientificamente válida somente se for testável e falseável — o que significa que deve haver uma maneira de refutar a hipótese por meio de observação ou experimentação. No entanto, o processo de isolamento do vírus geralmente envolve suposições que são inerentemente infalsificáveis. Por exemplo, genomas reconstruídos computacionalmente e partículas visualizadas por microscopia eletrônica são tratados como entidades coesas sem evidências diretas que os vinculem. Essa dependência de suposições, em vez de hipóteses testáveis, resulta em raciocínio circular: a conclusão de que uma partícula viral existe é baseada em premissas que não foram verificadas de forma independente.
Além disso, a incapacidade de excluir explicações alternativas — como contaminação, detritos celulares ou artefatos — torna as alegações resistentes à refutação, corroendo ainda mais sua validade científica. Ao não empregar uma variável independente e omitir o princípio da falseabilidade, as metodologias correm o risco de serem classificadas como especulativas em vez de científicas.
A ciência exige validação rigorosa, com cada componente de uma alegação testado independentemente e integrado em uma estrutura coesa. Sem esses elementos, o processo se torna vulnerável à reificação, onde construções abstratas são prematuramente tratadas como realidades estabelecidas. Isso prejudica a capacidade de demonstrar conclusivamente a existência de uma partícula viral sob uma definição cientificamente rigorosa.
Nota de rodapé 1
Na análise, vários pontos críticos receberam o benefício da dúvida, o que reforçou a posição da competência de replicação sem exigir evidências conclusivas. Primeiro, na Etapa 2, a competência de replicação foi creditada com base em observações em uma cultura de células, principalmente inferidas de fenômenos como o efeito citopático. No entanto, essa inferência não provou diretamente que a replicação ocorreu, pois não houve validação estrutural ou evidência direta ligando a atividade observada a uma entidade totalmente intacta e funcional, como uma partícula viral com um capsídeo. Sem demonstrar amplificação do genoma, produção de partículas funcionais ou outros processos indicativos de replicação, a conclusão permaneceu especulativa.
Além disso, na Etapa 3, a segunda etapa da microscopia eletrônica (ME), várias suposições foram feitas que concederam o benefício da dúvida ao processo. Primeiro, a consistência estrutural entre as partículas na amostra e aquelas na cultura foi assumida para confirmar a continuidade biológica, embora a microscopia eletrônica sozinha não possa estabelecer a funcionalidade. Segundo, a presença de ácidos nucleicos dentro das partículas não foi confirmada, deixando uma lacuna crítica na verificação da composição completa de uma partícula viral. Terceiro, foi assumido na Etapa 2 que os efeitos colaterais observados, como a quebra celular, demonstraram competência de replicação, sem descartar outras causas potenciais para esses efeitos. Finalmente, embora a amostra possa ter sido purificada antes da microscopia eletrônica, esta etapa por si só não poderia excluir a possibilidade de artefatos ou contaminantes, nem poderia confirmar que as partículas observadas eram vírus totalmente funcionais.
Além disso, a Etapa 7, que envolveu o cruzamento de referências de partículas geradas em laboratório com as de ocorrência natural, não validou a existência de uma partícula viral de acordo com os critérios definidos. Em vez de abordar ou mitigar as fraquezas das etapas anteriores, a Etapa 7 as amplificou. Ao confiar em suposições não verificadas, como o genoma incompleto e a competência de replicação especulativa, a Etapa 7 agravou as falhas analíticas, tornando o caso de uma partícula viral ainda menos sustentável. Além disso, o processo de isolamento de vírus usado nessas etapas envolveu a montagem de fragmentos genéticos detectados em um modelo computacional do genoma, assumindo que esses fragmentos se originaram de uma entidade coesa. Essa abordagem carecia de validação estrutural de um genoma completo e dependia fortemente da reificação — tratando construções hipotéticas como se fossem realidades estabelecidas. Os componentes estruturais de uma partícula viral, como o capsídeo, não foram demonstrados juntamente com o genoma, e a existência de uma partícula totalmente formada foi assumida em vez de comprovada.
Mesmo com essas generosas concessões, a alegação de ter demonstrado a existência de uma partícula viral conforme definida não foi comprovada. A etapa 7, que integra os resultados das etapas anteriores para formar uma conclusão coesa, já estava comprometida antes que essas considerações adicionais fossem abordadas. A evidência incompleta do genoma, a competência de replicação especulativa, a inadequação da etapa 7 e a dependência da reificação não apenas enfraquecem a alegação — elas reforçam o fato de que ela não foi comprovada desde o início. Essas considerações expõem ainda mais as falhas em cascata na análise, demonstrando que a Etapa 7 falha em um grau ainda maior. A falta geral de validação em todos os estágios confirma que a alegação de uma partícula viral conforme definida não poderia ser substanciada sob padrões científicos rigorosos.
Nota de rodapé 2
Na Etapa 2, as partículas geradas na cultura de laboratório foram presumidas como tendo sido criadas por meio de um processo de replicação. No entanto, essa presunção não foi validada, deixando lacunas significativas na análise. Para que a replicação seja substanciada, critérios específicos devem ser atendidos: evidência de amplificação do genoma, observação da formação de partículas dentro das células, liberação de partículas consistentes com a replicação e demonstração de integridade funcional. A integridade funcional incluiria a capacidade das partículas de infectar novas células hospedeiras e passar por ciclos de replicação adicionais. Nenhum desses critérios foi definitivamente demonstrado durante o processo.
Além disso, não podemos confirmar que as partículas geradas no laboratório foram realmente formadas por meio da replicação. A ausência de validação estrutural para as partículas complica ainda mais a alegação, pois permanece desconhecido se essas partículas eram entidades coerentes ou meramente agregados de materiais não relacionados. Elas podem ter se originado de processos não relacionados à replicação, como a quebra de detritos celulares, montagem espontânea de componentes na cultura ou contaminação introduzida durante o procedimento experimental.
Além disso, como nenhum genoma foi retirado diretamente de partículas no hospedeiro, é impossível estabelecer uma conexão direta entre entidades derivadas do hospedeiro e aquelas geradas na cultura. Sem essa comparação crítica, a procedência do material genético detectado na cultura permanece ambígua. Não sabemos se as partículas na cultura são equivalentes a qualquer coisa que exista no ambiente do hospedeiro.
Isso se estende às partículas fotografadas usando microscopia eletrônica (EM), incluindo a segunda análise de EM na Etapa 3, que foi assumida como tendo visualizado partículas originárias da cultura de laboratório. Embora a segunda etapa do EM tenha fornecido comparações estruturais entre partículas cultivadas e aquelas da amostra purificada, ela não confirmou sua composição genética, funcionalidade ou origem. O processo de preparação da amostra para EM pode introduzir artefatos, como contaminação ou detritos celulares, que podem resultar em partículas que parecem semelhantes, mas não estão relacionadas ao proxy. Sem validação estrutural ou genética das partículas fotografadas, sua conexão com a cultura — e, por extensão, sua relevância para entidades naturais no hospedeiro — permanece sem comprovação.
Isso destaca um problema mais profundo com a cultura de células servindo como um proxy para o que acontece no hospedeiro. A cultura de laboratório não modela adequadamente a complexidade do corpo humano, onde as interações com o sistema imunológico, fatores específicos do tecido e processos naturais podem diferir drasticamente. Ao tratar partículas geradas em laboratório como se representassem entidades naturais no hospedeiro sem conduzir validações rigorosas, o processo introduz suposições especulativas. A falta de validação em todos os níveis — amplificação do genoma, formação de partículas, integridade funcional, procedência e conexão com o proxy — ressalta que a alegação de competência de replicação não é suportada. Isso complica ainda mais a afirmação de que partículas geradas em laboratório atendem aos critérios para partículas virais conforme definido, e reflete uma lacuna fundamental na conexão de descobertas laboratoriais à realidade biológica.
Nota de rodapé 3
O processo de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) introduz uma camada adicional de complexidade à análise ao amplificar o material genético na amostra. Embora a PCR seja uma ferramenta inestimável para detectar e amplificar sequências específicas, ela requer que pelo menos uma quantidade residual da sequência alvo já esteja presente para que o processo funcione — a PCR não pode gerar material de novo. Devido à sua extrema sensibilidade, a PCR pode amplificar até mesmo quantidades insignificantes de material genético, incluindo contaminantes ou fragmentos degradados, que podem não ter significância biológica. Essa amplificação pode criar a impressão enganosa de que o material genético estava presente em quantidades significativas na amostra original, mesmo que existisse apenas em quantidades residuais ou viesse de fontes irrelevantes.
Além disso, a PCR não fornece contexto sobre a origem, integridade ou relevância biológica das sequências amplificadas. Ele não pode confirmar se os fragmentos eram parte de um genoma intacto e funcional ou meramente detritos fragmentados, contaminantes ou artefatos recombinados. Essa limitação é exacerbada quando apenas uma pequena fração do genoma presumido — como 3% — é direcionada e amplificada, deixando o restante inferido e especulativo. A dependência da reconstrução computacional para completar o genoma diminui ainda mais o rigor dessa abordagem, pois as porções não amplificadas permanecem hipotéticas em vez de validadas experimentalmente.
A etapa 8, que aplica a PCR como parte da validação do genoma, não atende aos critérios necessários para provar a existência de uma partícula viral. A PCR não valida o genoma; ela amplifica apenas regiões específicas visadas por primers e depende de inferência computacional para construir o restante do genoma. Este processo não confirma a completude do genoma, competência de replicação ou integridade estrutural. Além disso, não fornece evidências de características essenciais como uma capa de proteína ou envelope lipídico, deixando requisitos críticos não atendidos.
Esta crítica está alinhada com as preocupações expressas por Kary Mullis, o criador da PCR. Mullis enfatizou consistentemente que, embora a PCR seja uma ferramenta extraordinária para amplificação, não é um método de diagnóstico ou uma técnica autônoma para estabelecer significância biológica. Sua sensibilidade permite a detecção de quantidades minúsculas de material genético, mas tal detecção não confirma que o material estava presente em quantidades biologicamente significativas antes da amplificação. Mullis alertou que o uso impróprio ou a interpretação excessiva dos resultados da PCR podem levar a conclusões enganosas, confundindo detecção com presença biológica significativa.
A Farewell to Virology
Fonte: (em inglês)